Ultima atualização em 11 de Julho de 2022 às 16:33
As mulheres Kumaruaras impulsionarão ações de conservação que já são feitas dentro da comunidade, a partir das ações que fazem parte do projeto selecionado pelo edital.
A estudante Elinalda Gama da Silva Kumaruara, do curso de Arqueologia da Ufopa, foi selecionada para o “Programa de Lideranças da Amazônia — Mulheres Indígenas Lideranças em Soluções Socioambientais”, promovido pela organização não governamental Conservation International. A discente criou o projeto junto com outras mulheres Kumaruaras, Helia e Ironildes, com auxílio da professora Gabriela Prestes Carneiro, da Ufopa, para elaborar a redação.
A ideia de montar o edital surgiu a partir da Primeira Cúpula de Mulheres Indígenas da Bacia Amazônica, realizada em outubro de 2021, em Cundinamarca, na Colômbia. Ele integra o projeto “Nossas Futuras Florestas — Amazônia Verde”, apoiado pelo governo francês, que tem o objetivo de conservação das florestas tropicais e fortalecimento das ações já desenvolvidas por mulheres indígenas em seus territórios.
O edital selecionou 24 das melhores ideias de sete países da Amazônia (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname), considerando seu potencial de transformação socioambiental e fortalecimento da liderança de mulheres indígenas para influenciar estratégias, ações e políticas de conservação em territórios indígenas na Amazônia.
Elinalda, Helia e Ironildes Kumaruara terão de maio de 2022 a junho de 2023 para colocar em prática as ações do projeto. As outras candidatas selecionadas são de povos indígenas de outros estados amazônicos, como os povos Baniwa, Puyanawa, Xipaya, Inu Kui Ni e Guajajara.
Objetivo do projeto: O território Kumaruara, principalmente a partir de 2015, tem sido fortemente ameaçado pelo fogo, pelo desmatamento e pela entrada de madeireiros. Nos últimos anos, foram perdidas roças de café, cupuaçu e muitas outras plantações de subsistência familiar.
Outra ameaça crescente é a da chegada do garimpo, principalmente nas cabeceiras do rio Tapajós, o que gera a contaminação da água e dos peixes, entre outros fatores. Para conter as ameaças, as mulheres Kumaruaras, a partir das ações do projeto aprovado pelo edital, querem impulsionar ações de conservação que já são feitas dentro da comunidade, entre elas a construção da Oca de Saberes, uma maloca circular, coberta de palha, onde serão realizados encontros, cursos de capacitação e oficinas. O conjunto das ações vai fortalecer a manutenção da floresta e do rio vivos.
Elinalda Kumaruara é membro ativo do Diretório de Estudantes Indígenas da Ufopa (DAIN), que atua no combate à discriminação institucional e também na luta pelo reconhecimento dos povos indígena dentro da academia, com foco no potencial e na importância do conhecimento na ciência e nas ações de impacto global, incluindo a preservação das florestas tropicais e do bioma amazônico.
Edital com resultado da seleção.
Comunicação/Ufopa
27/04/2022
