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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 26 de Outubro de 2020 às 16:58

Pesquisadores da Ufopa descobrem três novas espécies de peixes na Amazônia e Cerrado


Duas espécies foram encontradas no Pará e uma no Tocantins

Bagre, piaba e acari são nomes de peixes bem conhecidos popularmente. Eles denominam grupos que apresentam uma grande diversidade de espécies, algumas ainda não descobertas pela ciência. Pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com pesquisadores de outras instituições, conseguiram reconhecer novas espécies desses peixes nas bacias dos rios Tapajós e Tocantins, nos estados do Pará e Tocantins.

Duas das espécies novas foram descobertas no rio Cupari, afluente do rio Tapajós, no município de Rurópolis, na porção oeste do Pará. O acari Hypostomus labyrinthus e a piaba Knodus cupariensis se destacam pela coloração peculiar em relação às demais espécies de seus respectivos gêneros.

 

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Hypostomus labyrinthus

 

O Hypostomus labyrinthus foi encontrado em ambientes de fundo rochoso no Cupari e rios menores que deságuam nele. O padrão único de colorido entre os acaris, que lembra um labirinto, remete ao nome da espécie, mas essa não é a única característica sua que chama a atenção: “A espécie pertence a um grupo de acaris nomeado de Cochliodon. Esse grupo é evolutivamente notável por seus membros possuírem dentes grandes e em forma de colher, que funcionam como uma ferramenta elaborada para raspar madeira”, explica o professor que participou dos estudos, Frank Raynner Ribeiro, do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA).

De acordo com os pesquisadores, Knodus cupariensis parece ocorrer exclusivamente no rio Cupari, por isso ganhou o nome que faz referência ao local. Com um colorido que varia entre tons de marrom e amarelo, é a terceira espécie do gênero a ser registrada no Cupari, uma área ainda pouco investigada pelos pesquisadores e que pode ter várias espécies endêmicas, isto é, encontradas somente ali.

 

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Knodus cupariensis

 

São descobertas recentes que já exigem certa preocupação. Apesar de parte do rio Cupari estar dentro de uma área protegida, a Floresta Nacional do Tapajós, há áreas de sua drenagem intensamente afetadas pelo desmatamento, o que compromete significativamente a qualidade de suas águas e, assim, as espécies existentes ali. Com quase 42 km de extensão, o rio também é ameaçado pela construção de 13 usinas hidrelétricas, como esclarece o professor: “As barragens de usinas hidrelétricas interrompem o fluxo natural do rio e fragmentam o ambiente aquático. Essas alterações provocam modificações no habitat e impedem o deslocamento de espécies de peixes”.

A terceira espécie, Tatia akroa, é facilmente diferenciada dos demais bagres no mesmo gênero pela ausência da nadadeira adiposa, que fica na parte superior do corpo mais próxima à cauda. Encontrado na porção mais alta do Tocantins, a espécie do cerrado homenageia a população indígena Akroá, que vivia ao longo da Serra Geral do Tocantins até o século XIX.

 

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Tatia akroa

 

Os estudos, publicados em revistas científicas internacionais, envolveram docentes e discentes da Ufopa. Os trabalhos de descrição de Tatia akroa e Knodus cupariensis resultaram das dissertações de mestrado de Jordson de Souza e Deise dos Anjos, respectivamente, do Programa de Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos (PPGRACAM), com orientação dos professores André Canto e Frank Raynner. O estudo do Hypostomus labyrinthus foi realizado por Renildo Oliveira, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em colaboração com Cláudio Zawadzki, da Universidade Estadual de Maringá, e com os pesquisadores da Ufopa.

Segundo o professor Frank Raynner, há vários projetos em execução na região Oeste do Pará que visam ao conhecimento da biodiversidade de peixes: “Atualmente esses projetos de pesquisa estão mais direcionados para estudos na bacia do rio Tapajós e rios da Calha Norte paraense”. Até o final do ano, estão programadas duas expedições científicas para estudar a fauna de peixes nestes locais. Os projetos são financiados pelo Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy (TNC) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Acesse os artigos na íntegra, em inglês:

Comunicação/Ufopa

26/10/2020

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