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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 28 de Junho de 2019 às 10:36

Primeiro aluno surdo a concluir graduação na Ufopa apresenta TCC em Libras


Na última sexta-feira, 14 de junho de 2019, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) teve a primeira defesa de um trabalho de conclusão de curso na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Anderson Reis, do curso de Pedagogia, apresentou o TCC intitulado “Ensino de matemática para estudantes surdos dos anos iniciais”, orientado pelo professor Ednilson Souza, do Instituto de Ciências da Educação (Iced).

Na pesquisa, Anderson analisou as estratégias de ensino usadas em uma turma inclusiva do ensino fundamental da rede pública, onde observou que ainda há dificuldade de comunicação com os alunos surdos. Segundo ele, é necessário aprofundar discussões na educação especial para melhorar o ensino de matérias específicas, como a de matemática, que são de difícil compreensão principalmente devido à falta de comunicação com os professores.  

A banca avaliadora, composta pelos professores Hector Calixto e Carina Mota, fez as considerações sobre o trabalho integralmente em Libras. O público pôde acompanhar a apresentação por meio da tradução simultânea, em português, feita pelo intérprete Luciano Lobato, do Núcleo de Acessibilidade.

Ensino em Libras - Quando Anderson ingressou na graduação, em 2014, a Ufopa ainda dava os primeiros passos para a implementação do Núcleo de Acessibilidade. No início, ele teve o apoio do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Especial e Processos Inclusivos (GPEEPI), coordenado pela professora Daiane Pinheiro, e dos primeiros intérpretes da Universidade. Hoje, o Núcleo dá assistência a mais de 80 alunos com deficiência, sendo cinco surdos.

 

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As orientações de TCC eram acompanhadas pelos intérpretes de Libras.
Da esquerda para a direita: o estudante Anderson Reis, a intérprete Kellen Garcia e o professor Ednilson Souza.

 

“É importante falarmos da iniciativa da Universidade de oportunizar a permanência de alunos surdos, e que isso seja difundido para que outros ingressem na Universidade. É importante destacar a participação dos intérpretes, da acessibilidade, dos cursos para servidores e das próprias atividades dentro do curso de graduação que são acompanhadas pelos intérpretes”, reforça.

Com 33 anos, Anderson já é professor da rede municipal de Santarém, na modalidade de Atendimento Educacional Especializado (AEE), e pretende aprimorar o ensino por meio do uso da Libras como primeira língua: “Eu tenho interesse em trabalhar mais especificamente o ensino da matemática a partir da Língua de Sinais, usando materiais adaptados, visuais e em Libras, para que o aluno possa, dentro da sua realidade, aprender através da sua língua”.

Para o orientador, o desafio também foi grande. Ainda aprendendo Libras, Ednilson contou com o auxílio fundamental dos intérpretes do Núcleo, que acompanhavam as orientações. “No início, se não tivesse o intérprete, eu não ia conseguir orientar por causa da barreira da linguagem. Para mim foi um desafio, mas foi bom, porque eu aprendi bastante a entender como é o pensamento do surdo, mais visual e mais expressivo”, conta.

Agora, o professor irá continuar a orientar outros trabalhos voltados para o desenvolvimento de recursos pedagógicos para os surdos. “O trabalho do Anderson serviu de estopim para que outros alunos se interessassem pela temática. Depois da defesa, alguns vieram me procurar para orientar trabalhos na área”.

Luena Barros - Comunicação/Ufopa

19/6/2019

Anderson Reis durante a defesa do TCC.

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