Ultima atualização em 26 de Fevereiro de 2019 às 16:54
Sob o tema "Variação temporal da captura acidental de peixes na pesca do camarão-da-amazônia: Macrobrachium amazonicum”, o trabalho de conclusão de curso de Luan Campos Imbiriba, discente de Engenharia de Pesca da Ufopa, foi premiado como um dos mais bem apresentados no XXIII Encontro Brasileiro de Ictiologia, ocorrido em Belém, PA, de 27 a 31 de janeiro deste ano.
O trabalho, apresentado pelo próprio Luan Imbiriba, no encontro, recebeu a orientação do Prof. Diego Maia Zacardi e contou com colaboração das discentes Yana Karine da Silva Colho e Naira Cristina Santos Lemos, todos do curso de Engenharia de Pesca.
A motivação do estudo surgiu devido a estar a atividade pesqueira entre as principais fontes geradoras de alimento, emprego e renda para as populações ribeirinhas, estando presente em todo o estado do Pará. Entretanto, a pesca não seletiva, mesmo que de pequena escala, é hoje uma das principais ameaças aos recursos naturais devido à captura da fauna acompanhante, que geralmente é rejeitada junto com indivíduos da espécie-alvo que não atingiram tamanho adequado e não possuem valor de mercado.
Neste sentido, o trabalho tem sido desenvolvido mensalmente junto aos pescadores por meio do acompanhamento da despesca do camarão-da-amazônia. A finalidade é avaliar a composição, quantificar a abundância, riqueza, similaridade e variação temporal da captura acidental da ictiofauna associada a esta modalidade da pesca artesanal realizada às margens do rio Amazonas, próximo à região de Santarém.
O estudo aponta que as capturas totalizaram 1.074 peixes, distribuídos em 24 famílias, 51 gêneros e 73 espécies, sendo que apenas 9 espécies representaram mais de 70% do número de indivíduos capturados. O comprimento dos exemplares capturados no estudo mostrou que algumas espécies estão sendo aprisionadas acidentalmente, tanto em fase juvenil como adultos sexualmente maduros.
Vale ressaltar que a biomassa de peixes aprisionados não supera a biomassa de camarões capturados, mas a maioria das espécies são consideradas aproveitáveis, porém, com tamanho impróprio para comercialização, o que faz com que os pescadores descartem esses indivíduos no local da despesca, geralmente mortos (não sobrevivem ao manejo), situação que a médio e longo prazo pode gerar alguns riscos à manutenção dos estoques naturais.
O estudo também enfatiza que essa prática frequente pode alterar a estrutura das zonas marginais, colocando em risco a sustentabilidade da espécie-alvo, ou seja, o camarão, fauna acompanhante e toda a comunidade biológica associada, além de gerar impactos na cadeia trófica e agravar ainda mais a situação do pescador artesanal, devido ao declínio desses recursos nas futuras capturas.
O estudo é o primeiro a ser realizado nesta temática na região de Santarém e traz informações inéditas e úteis sobre esse tipo de fauna íctica, associada à pesca do camarão, colaborando e subsidiando ações de ordenamento e adoção de políticas públicas baseadas cada vez mais na realidade local e que visem ao estudo e ao manejo sustentável dos recursos pesqueiros na região do Baixo Amazonas.
Comunicação/Ufopa, com informações do pesquisador e do orientador do trabalho
21/2/2019
