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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 21 de Setembro de 2021 às 23:50

Trabalhos do curso de Arqueologia da Ufopa serão apresentados em evento internacional


Ao utilizar ferramentas pedagógicas para aproximar, da realidade e experiência dos alunos, os temas da disciplina Zooarqueologia do curso de Arqueologia, vinculado ao Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da Ufopa, as professoras Gabriela Prestes Carneiro e Myrian Sá Leitão Barboza apostaram no potencial que cada aluno já possui e estimularam a realização de pesquisas em sua própria casa, aldeia, roça, comunidade, quintal, criação, feira — ou seja, nos espaços onde se relacionam com os animais da região.

Os trabalhos finais da disciplina foram aprovados recentemente para ser apresentados na Quarta Reunião Acadêmica do Grupo de Trabalho de Zooarqueologia Netropical — Conselho Internacional de Zooarqueologia). Trata-se de um evento internacional, e um dos mais importantes para os especialistas em Zooarqueologia Neotropical, que reúne pesquisadores de toda a América do Sul, a exemplo de Chile, Argentina, Uruguai, Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil.

Este ano, a reunião, que será virtual, terá como tema "Zooarqueologia, sociedades tradicionais, biodiversidade e mudanças climáticas: perspectivas integradoras entre passado e futuro", com data prevista para acontecer de 27 a 29 de outubro de 2021. A organização é da Dra. Caroline Borges e do Departamento de História da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife, em conjunto com coordenadores do NZWG.

Perguntas simples como "que animais você cria?", "de quais animais você se alimenta?", "quais animais estão presentes nas histórias de origem da sua comunidade?", "onde você enterra seus animais?", dentre outras, foram utilizadas para reflexões sobre a importância dessa relação histórica e atual entre as pessoas e os animais.

Todas as perguntas fazem parte de temas de pesquisa da Zooarqueologia, uma subárea da Arqueologia que se dedica a entender como as sociedades humanas se relacionaram com os animais ao longo do tempo. Dessa maneira, as professoras Gabriela Carneiro e Myrian Barboza estimularam o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos relacionados à familiaridade e interação dos alunos com os animais da região, o que também irá contribuir para a ciência.

Conforme relata a professora Gabriela Carneiro, "para abordar esses temas, nossa ideia foi incentivar os alunos a pesquisarem suas próprias experiências com os animais e com os ambientes da Amazônia. Estimulamos nossos alunos a trazerem para o debate em sala de aula virtual a sua convivência com a criação de animais (bois, quelônios, cachorros, gatos, araras, etc.), a presença dos animais nas festas tradicionais da região e rituais de algumas comunidades, o corte e o manuseio dos animais nas feiras e mercados públicos, a produção das farinhas de animais, o tratamento e o descarte das partes animais (peles, carcaça, etc.), o uso terapêutico dos animais (banhas, casco, etc.) e a sua própria experiência com a atividade de caça, pesca, mariscagem, coleta, dentre outras".

Já a professora Myrian Barboza destaca a importância de confluência dos saberes tradicionais e científicos, ao afirmar que "esse despertar dos nossos discentes para a importância de suas próprias narrativas e experiências empíricas nos permitiu introduzir os conceitos e aspectos teóricos da Zooarqueologia, como a tafonomia, a ecologia, a paleodiversidade, entre outros. A proposta de uma versão holística da disciplina de Zooarqueologia relacionada ao contexto dos estudantes e convidados proporcionou uma importante tessitura articulada entre saberes". Para as professoras, apesar do período difícil devido à pandemia, os alunos conseguiram se superar.

Lista dos trabalhos que serão apresentados:

1) Os animais e a cerâmica tapajônica (AD 1000–1500) da Amazônia vistos a partir do olhar de um ceramista (Jefferson Paiva de Sousa);

2) O uso de animais na medicina tradicional de comunidades do Baixo Amazonas (Ana Clara Corrêa de Oliveira e Geovanna Santos dos Santos);

3) Caminhando de mãos dadas: as técnicas de caça dos territórios quilombolas e indígenas do Baixo Amazonas (Elaine dos Santos Pinto e Gabriela Monique Godinho Sousa);

4) Criação e pastoreio de bois (Bos taurus) nas áreas inundadas de várzea da região de Santarém — Pará, um contexto Amazônico (Denise da Silva Leão);

5) Pescarias ribeirinhas: continuidades e rupturas nas técnicas de pesca do aracu (Anastomidae) no Baixo Amazonas (Ronald Araújo Mendes Azulay e Emilly Monique Leme dos Santos);

6) Como e onde são enterrados os animais domésticos na Amazônia Contemporânea? Vivências, afetividades e morte no passado e no presente arqueológico na cidade de Santarém — PA (Tainá Neres Campos e Cristiane Nayara Jati Colares);

7) A importância dos animais domésticos para os seres humanos no período do isolamento social no Baixo Amazonas em 2020 (Tatiane Fernandes de Sousa);

8) Etnozooarqueologia: perspectivas integradoras e transdisciplinares como proposta pedagógica no ensino de Zooarqueologia na Amazônia (Myrian Sá Leitão Barboza e Gabriela Prestes Carneiro).

Mais informações sobre o evento aqui: https://nzwg2021.com/.

Albanira Coelho — Comunicação/Ufopa

21/09/2021

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