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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 1 de Fevereiro de 2023 às 11:09

Processos seletivos especiais indígena e quilombola continuam no formato on-line


Em 2023 serão debatidas novas regras, como por exemplo, a separação entre os dois.

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) debateu, durante os dias 5 e 6 de dezembro, os seus Processos Seletivos Especiais – Indígena (PSEI) e Quilombola (PSQ). O seminário, realizado a cada dois anos, objetiva “aprimorar as regras para ingresso na Ufopa dessas populações”, afirmou a reitora da Ufopa, Profa. Dra. Aldenize Xavier, durante seu pronunciamento na mesa de abertura, ocorrida no auditório da Unidade Tapajós, na manhã de 5 de dezembro. A previsão é de que os editais para ingresso nos processos seletivos sejam lançados no início do ano de 2023 e ofertem 192 vagas, sendo 96 para indígenas e 96 para quilombolas.

Durante o evento, a reitora anunciou os trabalhos para a criação de um instituto intercultural. “Estamos trabalhando para criar o Centro de Formação Interdisciplinar e Intercultural, o CFII, que deverá, além de propor novos cursos, receber a Formação Básica Indígena”, esclareceu a reitora durante o seminário.

Estiveram na composição da mesa a pró-reitora de Ensino de Graduação (Proen), Honorly Kátia Correa; o pró-reitor de Gestão Estudantil (Proges), Luamim Tapajós; a presidente da Comissão de Avaliação dos Processos Seletivos Especiais (CAPSE), Vânia Alexandrino; Geraldo Dias, representante da Funai; e representantes de entidades estudantis e de povos e instituições ligadas a indígenas e quilombolas da região Oeste do Pará.

O pró-reitor de Gestão Estudantil, Luamim Tapajós, ressaltou a importância das parcerias nos debates: “Esta é uma aproximação para conhecer a realidade e garantir acesso e permanência dos alunos indígenas e quilombolas na universidade”.

Para Geraldo Dias, representante da Funai, o evento tem relevância não apenas pelas discussões sobre o acesso, mas também por debater questões ligadas à permanência desses alunos no ensino superior público. "A Funai reconhece a importância deste seminário não só pela discussão do acesso às populações tradicionais ao ensino superior, mas também por indicar elementos para a discussão da permanência dos estudantes indígenas e quilombolas. E reconheço o esforço da gestão da Ufopa em garantir a participação de entidades representativas estudantis na discussão da política de educação gestada pela instituição”.

Deliberações para PSEI e PSQ em 2023 – Previstos para serem lançados em janeiro de 2023 por meio de editais públicos, os processos que selecionam alunos indígenas e quilombolas para acessar os cursos da Ufopa vão continuar sendo realizados de maneira remota, por meio de ferramentas on-line, mesmo com o abrandamento da pandemia de Covid-19.

A decisão foi tomada a partir de consenso com as entidades presentes no seminário. “Chegamos ao consenso e iremos realizar uma prova remota nos moldes do que foi em 2022. Tivemos uma melhoria no processo, com a plataforma de inscrição toda feita pelo CTIC da Ufopa, que foi bastante ‘intuitiva’ e atendeu aos interesses da coletividade, tanto indígena quanto quilombola. Para 2023, teremos o mesmo modelo que tivemos em 2022”, afirmou a pró-reitora da Proen, Honorly Kátia Correa.

“Se o processo anterior foi benéfico para a maioria, vamos manter os processos seletivos remotos. Somos todos irmãos e estamos viajando na mesma barca”, confirmou Mário Augusto Pantoja, da coordenação da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS).

Alexandre Arapiun, representante do Diretório Acadêmico Indígena (Dain) da Ufopa, se pronunciou para afirmar: “Mais importante que a decisão [consenso], foram as propostas colocadas aqui para o aprimoramento dos processos”.

PSEI/PSQ: diferenças e semelhanças – Mesmo durante os anos de pandemia, em que muitos processos seletivos foram suspensos, a Ufopa manteve os seus. “Ambos foram remotos, porém com as seguintes diferenças”, esclareceu a presidente da Comissão de Avaliação dos Processos Seletivos Especiais (Capse), professora Vânia Alexandrino. Ela afirmou também que, em 2023, será criado o Grupo de Trabalho (GT) para debater a resolução 369/2021 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consep) da Ufopa, que prevê a criação de uma Comissão Interétnica e Intercultural, além de outras ações para aprimorar o ingresso e a permanência dos povos originários na universidade. A professora Vânia fez também um balanço sobre os formatos dos processos nos anos de 20221 e 2022.

 

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Prof. Vânia Alexandrino, à esquerda, durante debates
sobre PSEI/PSEQ, 5/12/2022. Foto: Lenne Santos.

 

"Em 2021, o sistema/plataforma que geriu a inscrição, a inserção das provas, a correção e os recursos foram de responsabilidade da FADESP/UFPA e nós tivemos vários problemas relacionados à inconsistência do sistema. Já em 2022 o sistema/plataforma que geriu a inscrição, inserção de provas, correção e recursos foi realizado pela Ufopa por meio do Centro de Tecnologia e Informação (CTIC) e, com isso, houve o aprimoramento do sistema, que se tornou mais intuitivo e consistente".

Outra mudança no processo deste ano tem relação com a documentação exigida. "Em 2022, simplificamos a documentação para inscrição. Ficou assim: apenas três documentos para o PSEI (indígena) e dois para o PSE (quilombola), o que permitiu uma inscrição mais assertiva, com menor número de inscrição indeferidas, se comparadas a 2021".

A Profa. Vânia explicou também que houve alteração no formato das provas: "Em 2022, para o PSE (quilombola) houve a simplificação da prova. Em 2021, compunha-se de duas questões objetivas e três questões discursivas. Devido ao tamanho do arquivo e dificuldade de inserção no sistema, em 2022, a prova foi aplicada sendo composta de duas questões objetivas e uma questão discursiva".

Dificuldade de homologação e aperfeiçoamento nos processos – As mudanças no formato dos processos seletivos especiais PSEI e PSEQ apresentados pela professora Vânia Alexandrino, que preside a Capse, demonstram o aperfeiçoamento dos processos. Em 2021, no PSEI foram 589 inscritos, desses 270 tiveram as inscrições indeferidas por algum tipo de erro. No PSQ, foram 459 inscritos e 109 inscrições indeferidas. Já em 2022, com os ajustes no processo seletivo, debatidos junto com as entidades acadêmicas e da sociedade civil, os números já foram um pouco mais animadores: 399 inscrições e apenas 35 indeferidas. No PSEI, 292 inscritos e 23 indeferimentos.

 

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Sinu Waiapi, aluno do Iced/Ufopa, 5/12/2022.
Foto: Lenne Santos.

 

Aprovados nos Processos Seletivos Especiais – Atualmente a Ufopa tem 550 alunos indígenas e 465 quilombolas. Sinu Waiapi é originário da terra indígena da comunidade Pedra Branca, no estado do Amapá. Ele veio para Santarém aprovado no curso de História (Iced/Ufopa), reconhece as dificuldades que está tendo com as novas ferramentas com as quais precisa lidar dentro da Universidade, principalmente a língua portuguesa e as tecnologias. Para isso, antes de cursar o primeiro semestre, ele está frequentando a Formação Básica Indígena (FBI), uma das ações que resultaram de debates em seminários anteriores, a exemplo do que está ocorrendo. “Para mim, deu para acompanhar tudo. Eu gostei muito de língua portuguesa e também das tecnologias”, afirmou ele num português cujo sotaque lembra o seu dialeto.

 

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Jackson Batista Bentes Tupinambá, aluno do Iced/Ufopa,
5/12/2022. Foto: Lenne Santos.

 

Jackson Batista Bentes, originário do povo Tupinambá da aldeia São Francisco, do Baixo Tapajós, também está frequentando a formação básica, antes de ingressar no primeiro semestre do curso de História. Para ele, o acesso à Universidade foi facilitado no ano de 2022 por causa das mudanças ocorridas no processo em relação ao ano de 2021. “Eu não tive esses problemas quanto à entrega da documentação. Fazer a inscrição, em si, foi tranquilo. Em relação a 2020, diminuiu a complexidade para fazer a inscrição. Conheço pessoas que não conseguiram se inscrever em 2020 e que em 2022 conseguiram, e também afirmaram que foi muito melhor agora”.

Estiveram presentes nos debates representantes: da Funai, Geraldo Dias; do Coletivo Estudantil Quilombola (CEQ), Raylan Lima; do Centro Acadêmico Indígena da Calha Norte (CAICAN), Clísio Wai Wai; do Diretório Acadêmico Indígena (DAIN), Alexandre Arapiun; e da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS), Mário Augusto Pantoja, a qual congrega dez comunidades de remanescentes de quilombos existentes em Santarém.

Lenne Santos – Comunicação/Ufopa

06/12/2022

Reitora Aldenize Xavier anuncia criação de Instituto Intercultural da Ufopa, durante abertura do seminário, 6/12/2022. Foto: Lenne Santos.

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