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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 20 de Maio de 2019 às 15:10

Ufopa 10 anos: Contribuições para a educação no Oeste do Pará


No ano em que completa sua primeira década de existência, a Ufopa avalia sua contribuição para a educação do Oeste paraense. São quase 6 mil alunos cursando um dos 49 cursos de graduação ofertados pela Universidade, mais de mil novos estudantes ingressando a cada ano.

No processo seletivo regular de 2019, a Ufopa contabilizou mais de 11 mil candidatos inscritos, a maioria de Santarém, que teve quase 6 mil inscritos, seguida de Oriximiná, com 575, Itaituba, com 568, e Monte Alegre, com 558. Os candidatos concorreram às 1413 vagas ofertadas para 41 cursos de graduação em Santarém (sede) e oito nos campi de Alenquer, Itaituba, Juruti, Monte Alegre, Óbidos e Oriximiná. Do total de vagas, 711 foram reservadas para o sistema de ingresso por cotas sociais, destinadas a candidatos de baixa renda, que cursaram ensino médio em escolas públicas, e também às pessoas com deficiência e aos que se autodeclaram pretos, pardos ou índios. “O aluno da Ufopa é um aluno da região amazônica, particularmente do estado do Pará. Cai por terra o mito que a universidade pública é para os mais ricos, é para o aluno de fora, que os nossos alunos não conseguem acessar nossa universidade. Nossos dados demostram o contrário. Mais de 90% das nossas vagas são preenchidas com candidatos da região”, avalia a pró-reitora de Ensino de Graduação da Ufopa, professora Solange Ximenes.

Dados mostram que o número de jovens adultos de 18 a 24 anos que cursam ensino superior em Santarém tem aumentado. Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) de Santarém, em 2010, 11,16% da população adulta estavam cursando o ensino superior. Em 2000 eram 5,80% e, em 1991, apenas 1,92%. Para Solange Ximenes, a implantação da Ufopa tem relação direta com esse crescimento. “Nossas ações estão alinhadas com o Plano Nacional de Educação, que nos exorta a ampliar o número de vagas na educação superior. Isso reflete, automaticamente, no número de jovens matriculados na universidade”, afirma. Desde sua implantação, em 2009, a Ufopa já contribuiu com a formação de mais de 5 mil egressos dos cursos de graduação.

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Calouros lotam auditório da unidade Tapajós, em Santarém, durante Aula Magna 2019.

 

Inclusão - Além da reserva de mais de 50% das vagas para o sistema de cotas no processo seletivo, a Ufopa reserva vagas em todos os cursos de graduação para os processos seletivos especiais, indígena e quilombola. O processo de inclusão desses povos iniciou-se na instituição em 2011, com a criação do processo seletivo para indígenas (PSEI) e, em 2015, para quilombolas (PSEQ). “Falando nesses processos específicos, mais de 99% dos candidatos são do Pará. Essa inclusão é a possibilidade da Universidade ajudar o Estado brasileiro a corrigir um erro histórico com essas populações que foram excluídas do sistema educacional formal. A política de ações afirmativas vem justamente para afirmar esse direito e é uma forma do Estado reconhecer que ele se equivocou na implantação da política educacional do País, uma política que excluía uma parcela da população”, ressalta Ximenes.

Os números corroboram a fala da pró-reitora. No PSEI 2019, foram mais de 600 indígenas inscritos para 81 vagas, a maioria de Santarém, Jacareacanga e Itaituba. No PSEQ, mais de 400 quilombolas se inscreveram para concorrer às 77 vagas ofertadas, a maior parte de Santarém, Oriximiná e Óbidos. Atualmente, 507 indígenas e 288 quilombolas cursam o ensino superior na Ufopa. “Permitimos o ingresso desses alunos, mas precisamos avançar na garantia de permanência com qualidade e na redução das práticas, infelizmente ainda presentes, de discriminação e racismo. Ainda é algo que a Universidade precisa enfrentar”, reconhece. Recentemente, a universidade estabeleceu uma sanção a um aluno pela prática de racismo. “Isso se coíbe com sanções, mas também com educação. A cartilha de combate ao racismo é um instrumento importante para favorecer a melhoria dessas relações e o respeito à diversidade que está presente em nossa instituição”, enfatiza.

Para a professora, a educação é um elemento importante para a transformação social. A melhoria das relações sociais, com sujeitos mais bem-educados, favorece a sociedade, e as universidades públicas colaboram com esse cenário, à medida que promovem uma formação integral, para além da mera transmissão de conteúdo. “A universidade pública tem essa perspectiva de uma formação mais humana. O maior valor que podemos deixar para as próximas gerações é a formação do sujeito crítico, que entende sua realidade, que busca saída para os problemas de sua comunidade, que consegue utilizar o saber a favor dessa comunidade. A formação ética que está presente nos projetos pedagógicos da universidade favorece a integração do sujeito com o meio ambiente, com o meio social em que ele está inserido. É um tipo de conhecimento que não dá para medir. O pertencimento desse sujeito crítico a uma comunidade amazônica faz diferença para toda a sociedade”, acredita.

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Na Ufopa, indígenas e quilombolas somam, atualmente, cerca de 800 estudantes – praticamente todos oriundos do Oeste do Pará.

 

Pós-graduação - O ponto de vista da professora é compartilhado pelo pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação Tecnológica da Ufopa, professor Domingos Picanço Diniz. “A formação em pesquisa científica e ensino superior habilitam nossos egressos a uma maior empregabilidade, lhes conferem competência na área de conhecimento, mas o grande avanço ocorre pelo domínio de tecnologias e sua aplicação para solução de questões e problemas ligados ao cotidiano da nossa sociedade. O selo de qualidade Ufopa começa a fazer diferença na valorização de seu profissional formado, um profissional criativo e capaz de ombrear o desenvolvimento humano sustentado na região”, destaca.

A oferta de cursos de pós-graduação na Ufopa teve início já em 2009, ano de criação da instituição, que herdou o Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA), criado pouco tempo antes no Campus de Santarém da Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente, são 15 cursos de pós-graduação, sendo sete mestrados acadêmicos institucionais, cinco mestrados profissionais em rede com outras instituições de ensino superior, um doutorado acadêmico institucional e dois doutorados acadêmicos em rede.

No total, a pós-graduação possui cerca de 500 estudantes e 92 docentes atuando como orientadores de pesquisa. “Até o momento, já formamos 384 discentes. Estamos nos fortalecendo na formação de profissionais para a docência na área de educação, para estudos da atmosfera e clima, biodiversidade, produtos naturais, tecnologia da informação e tecnologias aquícolas. Estas áreas estão em franca expansão. Em um futuro próximo, avançaremos para as agrotecnologias aplicadas ao desenvolvimento sustentável”, adianta o pró-reitor.

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Sala de aula cheia. São quase 6 mil alunos cursando um dos 49 cursos de graduação da Universidade.

 

Isolamento acadêmico - As oportunidades de formação continuada na região ajudam a reduzir o isolamento acadêmico dos profissionais que atuam no Oeste do Pará, que antes precisavam se deslocar para centros maiores caso desejassem prosseguir seus estudos na área stricto sensu. A qualificação, além de promover melhorias salariais, gera o desenvolvimento profissional necessário para fazer frente ao quadro em que as escolas locais se encontram no que diz respeito ao Ideb, já que a maioria dos egressos da Ufopa atua em salas de aula de municípios da região.

Ideb é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. O índice é calculado com base no aprendizado dos alunos em português e matemática (Prova Brasil) e no fluxo escolar (taxa de aprovação). Em 2005, o Ideb de Santarém para os anos iniciais de ensino foi 3,5. Em 2017, esse índice havia evoluído para 5,5.

De acordo com a pró-reitora de Ensino de Graduação da Ufopa, a melhoria no índice do município reflete a melhoria na formação dos professores, um dos focos de atuação da Universidade. Para Solange, a formação do professor na universidade tem relação muito próxima com sua atuação profissional. “Melhorando a formação dos professores, melhoramos a qualidade da formação básica. Isso reverbera na sala de aula desse professor, porque os conteúdos a que ele tem acesso dentro da universidade, onde lida com profissionais altamente qualificados, dá para esse professor uma condição mais concreta dele modificar sua prática e garantir mais qualidade no ensino. Um professor bem qualificado faz diferença na sala de aula”, pondera.

As palavras da pró-reitora da Ufopa encontram exemplo na história de Gleice Daniely dos Santos, 40 anos, docente da rede pública de ensino desde 2002, quando concluiu sua primeira graduação em Ciências, com habilitação em Matemática, pela Universidade da Amazônia (Unama), em Belém. Em Santarém, na Ufopa, ela se graduou pela segunda vez, no curso de Licenciatura Integrada em Física e Matemática.

Atualmente, Gleice é aluna do Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF), ofertado pela Ufopa em Santarém, e professora do Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) na rede pública estadual. Lotada na escola Francisco Nobre de Almeida, no município de Monte Alegre, ela divide a rotina semanal entre as duas cidades, para trabalhar e estudar. “Os cursos me possibilitam estar atualizada quanto aos métodos didáticos que podem ser aplicados tanto em sala de aula quanto fora, principalmente nos dias de hoje, com os avanços tecnológicos que exigem de nós, professores, conhecimentos básicos das ferramentas, tendo em vista que os alunos estão imersos no mundo virtual. Além disso, contribuem também para ampliar meus conhecimentos quanto aos conteúdos ministrados em sala, tanto a partir da relação com os professores quanto com os colegas de aula, que também são professores”, explica.

Gleice acredita que a melhoria na sua qualificação se reflete na sua atuação como professora. “A troca de conhecimentos em sala de aula e as pesquisas na área do ensino têm contribuído muito para amadurecer as ideias no que tange ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos, pois a forma como tenho olhado o estudante dentro da sala de aula tem se modificado cada vez mais, no sentido de que ele deve ser visto como um ser que fará a diferença no contexto em que ele está inserido, tanto na família quanto na sociedade, através dos conhecimentos que está recebendo”, aponta.  

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A formação do professor na universidade tem reflexo direto na sua atuação profissional: um professor bem qualificado faz a diferença na sala de aula. 

 

Expansão - A professora Solange Ximenes considera o processo de expansão do ensino superior o maior ganho do País nos últimos 20 anos em termos de políticas públicas educacionais. “Já podemos observar mudanças pequenas, às vezes, dentro de um núcleo familiar, de um estudante que hoje é o primeiro de sua família a acessar o ensino superior, mas que já cria uma possibilidade de que seus filhos e netos acessem a educação superior. Há a possibilidade de uma mudança significativa no contexto econômico dessas famílias, porque, com melhores empregos, melhora a renda e melhora também a qualidade de vida dessas famílias. Mas só conseguiremos avaliar o impacto efetivo da implantação da Ufopa nos municípios da região daqui a uns 10 anos, porque as mudanças promovidas pela educação não são rápidas”, conclui.

Mais fotos da Ufopa em nossa página do Flickr: https://www.flickr.com/photos/132566521@N05/albums

 

Renata Dantas - Comunicação/Ufopa

14/5/2019

Foto: Bartolomeu Rodrigues

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